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A leitura dos textos num processo de aprendizagem construtivo

A leitura de textos didáticos na sala de aula exige intervenções específicas para ajudar os aprendizes a se aproximarem das características próprias da linguagem acadêmica com maior êxito, uma vez que ela se diferencia da linguagem de usos não escolares. Para isso, no projeto Aprender a Estudar Textos organizamos um conjunto de propostas de atividades “textuais”: leitura, análise e realização de anotações escritas sobre o texto. 

No entanto, vale destacar que nos processos de compreensão das realidades apresentadas pelos textos, algo maior está em jogo além dos atos de ler e de estudar. 

A leitura e o estudo dos textos contribuem para apropriação de conteúdos, porém não substituem as atividades de aprendizagem próprias das diferentes áreas do conhecimento.

De fato, ler e estudar textos devem se somar a um processo compreensivo e de conhecimento que ultrapassa os limites da leitura do texto e da sala de aula. 

Os atos de compreender e conhecer as realidades que os textos comunicam estão estreitamente ligados às experiências de vida de cada leitor, incluídas aí as experiências que ele tem com leitura e linguagem escolar. 

A série de recursos próprios dos processos de ensino e aprendizagem em geral e do ensino e da aprendizagem particulares de cada disciplina devem contribuir para enriquecer a experiência e o conhecimento de mundo de cada aprendiz. A leitura e o estudo de textos escolares são apenas parte desses recursos e o seu sucesso está ligado à qualidade do conjunto de ajudas e oportunidades que são oferecidas ao aluno para compreender mais e melhor. 

Por recursos próprios dos processos de ensino e aprendizagem em geral entendemos as ações construtivas do professor que ajudam os aprendizes a incorporar novos conhecimentos e modos de conhecer, permitindo-lhes contrastar, modificar ou aumentar a precisão de sua compreensão do mundo. Também nos referimos a um ensino atento à compreensão pessoal do estudante, que explora o que este pode aportar ao processo de conhecimento que se propõe nas sequências de atividades desenvolvidas em sala de aula. 

Sendo assim, desenhamos propostas de atividades baseadas na indagação, com vistas a estimular uma atitude de inquietação nos aprendizes diante do passado e suas relações com a compreensão do presente e do porvir.

Nesse processo destacamos o papel do professor na introdução e estabelecimento de formas de falar próprias do discurso educativo. Isso supõe o desenvolvimento sistemático de conversas acadêmicas que envolvem escutar, repetir, comentar, interpretar e contrastar as contribuições dos alunos.

Por recursos próprios dos processos de ensino e aprendizagem de cada disciplina estamos nos referindo às estratégias que respondem às especificidades dos conteúdos estudados. Por exemplo: a exploração de documentos e a imersão em narrativas, em História. 

Os professores precisam de todos esses recursos para fazer de suas salas de aula verdadeiros centros de processos compreensivos.

No entanto, nossa proposta não se aprofunda na didática geral nem na didática específica do ensino de História. Também não se aprofunda nos processos psicológicos implicados na construção de conhecimento geral ou da disciplina em particular – os leitores interessados nesses temas devem consultar obras de referência. 

O que propomos é um conjunto de atividades que buscam ajudar professores e alunos do 4º e do 5º ano do Ensino Fundamental a se iniciarem em uma maneira de conduzir a leitura e o estudo de textos didáticos a partir da compreensão, análise e conhecimento da linguagem que os caracteriza. 

Essas atividades terão sentido se fizerem parte de processos de ensino e aprendizagem construtivos.

Caso contrário, poderão se tornar práticas abstratas, sem ligação com as necessidades de conhecimento e os desafios de compreensão dos aprendizes.