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Funções discursivas presentes nos textos de História

O texto pode ser entendido como um conjunto de ações concatenadas que respondem a uma intenção global do(s) autor(es) de informar, explicar, exemplificar, narrar, descrever, convencer, etc. Esse conjunto de ações é conhecido como “funções discursivas” mas, junto às crianças, podem ser identificadas como “partes do texto”.

No estudo da História, identificar tais funções contribui para acessar a estrutura expositiva do texto, isto é, o modo como o autor usa a linguagem para apresentar os fatos do passado que relata ou explica. 

Descrevemos a seguir algumas das funções que aparecem de forma recorrente nos textos didáticos de História. Embora seja possível identificar segmentos textuais que cumprem determinadas funções discursivas, trata-se de categorias que não são mutuamente excludentes. Por exemplo, em sequências descritivas é comum identificar enumerações, comparações, exemplos; em sequências explicativas também podem ser encontrados trechos textuais contendo funções, definições,  denominações.

Destaca as características (forma ou função) de algo ou alguém.

De modo geral, trechos textuais podem ser identificados como definições em construções que utilizam os verbos "ser", "estar", "ter", "haver", "existir", "viver". Por exemplo [1]:

  • "As expedições dos bandeirantes eram comandadas por um chefe."
  • "O exército tinha papel central na vida dos zulus."
  • "Os tupis viviam em aldeias circulares."

Ilustra por meio de um ou mais exemplos aquilo que o texto descreve ou relata.

Há diversas palavras e expressões que podem ser utilizadas para introduzir exemplos: "assim", "como", "por exemplo". Sinais de pontuação como dois pontos, parênteses ou travessões também podem cumprir a função de exemplificação no texto. Por exemplo [1, 2]:

  • "[...] instrumentos feitos de ferro, como machados, espadas e facões."
  • "[...] o governo oferecia privilégios, como cargos públicos."
  • "[...] utilizar plantas para, por exemplo, curar doenças."

Comunica o significado de algum conceito.

Trechos textuais podem ser identificados como definições em construções que utilizam o verbo "ser" ou marcadores discursivos de reformulação como "isto é", "quer dizer", "ou seja". Por exemplo [1, 2]:

  • "[...] foram criadas as feitorias, que eram estabelecimentos ou postos de administração, geralmente fortificados, que representavam os negócios de Portugal no Brasil."
  • "Os colonos deviam pagar o quinto, isto é, a quinta parte de todo o ouro e pedras preciosas que eram extraídos."
  • "[...] a mineração era aluvial, isto é, buscava-se o ouro que ficava depositado nas margens e nos leitos de córregos e de rios."

Apresenta ou introduz o nome de algo ou alguém.

Podemos reconhecer trechos que apresentam denominações diante de expressões como "chamado de", "conhecido como", "conhecido pelo nome de". Por exemplo [1, 2]:

  • "Os indígenas viviam em povoados chamados aldeias, formadas por casas."
  • "Esse movimento ficou conhecido como Conjuração Mineira."
  • "Os bandeirantes costumavam descansar em certos pontos, denominados pousos."

Esclarece o porquê do estado das coisas.

São numerosas as palavras e expressões utilizadas nos textos para explicar. De modo geral, destacam-se os conectores causais, expressões de finalidade e verbos causais. Também é possível encontrar conectores condicionais, como: "à medida que", "a não ser que", "caso", "contanto que", "desde que", entre outros.

Os seguintes trechos são exemplos de explicações oferecidas nos textos [1, 2]:

  • "Na Europa, os produtos vindos da África e de Oriente tinham preços elevados por causa da distância e das dificuldades para chegar a esses locais."
  • "Quando as riquezas das minas começaram a esgotar, muitos senhores libertaram seus escravos, pois não podiam sustentá-los."
  • "Os indígenas desconheciam esse metal, por isso objeto feitos de ferro eram muito valorizados por eles."

Expressa a atividade própria de alguém ou de algo.

É possível reconhecer a introdução de funções no texto a partir do uso da preposição "para", seguida de verbo no infinitivo, por exemplo [1, 2]:

  • "[...] para sobreviver, os tupis…"
  • "[...] para aprisionar grupos indígenas..."
  • "[...] para abrir terrenos onde as mulheres plantavam..."

Informa as semelhanças e diferenças entre pessoas, objetos ou situações.

Os trechos textuais que estabelecem comparações geralmente recorrem ao uso de conectivos como: "do mesmo modo", "enquanto", "como também". Por exemplo [1, 2]:

  • "Uma minoria detém grande parte da renda, enquanto a maioria divide uma pequena parcela das riquezas."
  • "Os indígenas tomavam banho todos os dias, enquanto os portugueses raramente se banhavam."

Lista ou expõe um conjunto de elementos relacionados entre si.

Trechos textuais que contêm enumerações podem ser reconhecidos em sequências de palavras separadas pelo uso de vírgulas, bem como de enunciados que apresentam informações ordenadas por meio de marcadores como "primeiro", "segundo", etc. Por exemplo [1, 2]:

  • "Seu interesse era tirar proveito das riquezas lá existentes: criação de gado, produção e comércio de couro, charque e sebo."
  • "[...] suas tarefas eram elaborar leis, policiar, julgar os crimes e punir; por isso, geralmente a Câmara e a cadeia ficavam no mesmo edifício. Também eram responsáveis por cobrar impostos, pagar os soldados, construir fortes..."

Informa o lugar em que se situa algo ou alguém.

Trechos textuais que localizam pessoas, objetos ou eventos costumam utilizar preposições que indicam direção, destino ou lugar como: "a", "de", "desde", "em", "para", "por". Por exemplo [1, 2]:

  • "Nas áreas de mineração..."
  • "[...] encontraram ouro em regiões onde atualmente estão localizados os estados de Mato Grosso e de Goiás."
  • "[...] chegaram à Baía de Guanabara, na região da atual cidade do Rio de Janeiro, em 1502."

Referências bibliográficas

[1] MODERNA. Projeto Buriti – História. 4º ano, 1ª edição. São Paulo, SP, 2011.
[2] MODERNA. Projeto Buriti – História. 5º ano, 1ª edição. São Paulo, SP, 2011.