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Definir o vocabulário do texto

Aprofundar o significado dos conceitos que sustentam o texto é uma ferramenta de estudo valiosa.

Pode ser que alguns deles já estejam definidos no próprio texto ou em um glossário disponível no livro didático. Atentar-se a tais definições ajuda as crianças a se familiarizarem com a linguagem utilizada para explicar o significado das palavras. Contudo, são necessárias múltiplas oportunidades de recepção e uso dos termos-chave para garantir a sua efetiva apropriação.

A partir de um trabalho mais analítico, como o que propomos nas atividades a seguir, espera-se que os alunos incorporem o vocabulário dos textos em suas produções orais e escritas.

O significado de uma palavra está sempre ligado ao de outras. Elas não estão sozinhas, formam parte de redes. Explorar e recompor essas redes pode beneficiar a compreensão do vocabulário do texto.

Uma proposta consiste em selecionar o vocabulário a ser estudado em profundidade e pedir aos alunos que formem uma rede de palavras que ajudem a estabelecer o significado (ou a definição) de cada termo. Será necessário que exemplifiquemos o procedimento e/ou o realizemos conjuntamente com a turma antes de estimular o trabalho em pequenos grupos ou individualmente.

No exemplo a seguir, as palavras extraídas do texto condensam informações apresentadas previamente. Em todos os casos, trata-se do resultado de ações realizadas por agentes humanos específicos que aparecem suprimidos. Nos diálogos, observamos que a professora faz questão de explicitar continuamente quem são os grupos de pessoas responsáveis pelos acontecimentos referidos no texto, "desempacotando" o significado de algumas palavras-chave:

 

A produção de definições convencionais é uma tarefa complexa que exige conhecimento de uma estrutura genérica, utilizada com frequência nos dicionários. Trata-se da "definição aristotélica", baseada na fórmula esquemática: “X é um Y que Z”; onde “X” é o termo definido, “Y” é a categoria superordenada a que ele pertence e “Z” é uma ou mais características de “X”. Ou seja, inclui a classificação do termo em uma categoria superior e acrescenta a enumeração de seus principais atributos.

Exemplo da composição de uma definição convencional (entrada do dicionário Caldas Aulete Digital)

Outro tipo de definição, mais próxima da linguagem cotidiana, é aquela que apresenta exemplos para ilustrar o significado dos termos em questão:

  • "Um alvo é uma meta. É, por exemplo, quando nos propomos conseguir determinada coisa. Quando se diz que alguém foi exterminado, quer se dizer que essa pessoa foi morta."
  • "Se alguém derrota alguém, venceu-o."
  • "Se algo ou alguém avança, quer dizer que progride, evolui, desenvolve ou se estende."

Várias das atividades propostas para o estudo do vocabulário do texto podem contribuir para aproximar os aprendizes da compreensão e da formulação de definições convencionais: observar as definições oferecidas nos textos, livros ou glossários anexos; elaborar redes de palavras; analisar a composição dos termos-chave, sua localização e uso no texto; etc.

Se considerarmos apropriado, podemos ainda convidar os alunos a documentar o resultado de qualquer uma dessas atividades por meio da produção de um glossário temático ou de uma galeria de representações gráficas sobre o significado das palavras.

O aumento do conhecimento do mundo e a familiaridade dos alunos com a linguagem acadêmica permite compreender e produzir definições cada vez mais eficientes e formais ao longo da escolaridade.

Estudos com crianças de 5 a 10 anos mostram que, no caso dos nomes, é comum avançar da produção de definições funcionais (um violão é para tocar) às descritivas (tem cordas), gradativamente alcançando as categóricas (é um instrumento musical), que apresentam estruturas similares às das definições convencionais [1]. Apesar de as definições funcionais serem características do modo como as crianças pequenas explicam o significado das coisas, elas continuam presentes também entre estudantes da faixa etária a que nos referimos no projeto Aprender a Estudar Textos.

Referências bibliográficas

[1] Nippold, M. A. (2007). Later language development: School-age children, adolescents, and young adults. Austin, TX: PRO-ED, Inc.