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Os nomes ou grupos nominais

Os nomes ou grupos nominais são utilizados para indicar sobre quem ou sobre o que se fala (informa, relata, descreve, explica) em cada enunciado do texto. No projeto Aprender a Estudar Textos, optamos por colocar em destaque somente os participantes em posição de "tema", isto é, localizados no ponto de partida de cada oração.

MODERNA. Projeto Buriti – História. 5º ano, 1ª edição. p. 94. São Paulo, SP, 2011.

No fragmento anterior, observamos diferentes tipos de participantes:

a) Participantes humanos: Indivíduos como o marechal Eurico Gaspar Dutra e Getúlio Vargas, e coletivos, como Os trabalhadores e os empresários.

b) Participantes não humanos: Concretos, que correspondem a objetos do mundo físico, como uma Constituição e O petróleo; e abstratos, sem correspondência no mundo físico, que podem se referir a conceitos, relações ou processos (o Estado Novo e O governo de Vargas).

Em síntese, nos textos didáticos de História, as palavras que apresentam os participantes, ou seja, quem ou sobre o que se diz (informa, relata, descreve, explica) podem ser substantivos que se referem a agentes humanos, indivíduos ou coletivos, ou agentes não humanos, concretos ou abstratos.

Nos participantes abstratos encontramos um fenômeno linguístico que merece especial atenção. Trata-se das nominalizações que consistem em expressar com um nome ou grupo nominal processos que comumente seriam ditos com um verbo conjugado e a explicitação de determinados participantes e circunstâncias.

Assim, as nominalizações encapsulam ou empacotam numa só palavra aquilo que normalmente seria exposto por várias palavras. Observemos os seguintes exemplos:

MODERNA. Projeto Buriti – História. 5º ano, 1ª edição. p. 52. São Paulo, SP, 2011.

Vemos que os participantes ou tema dos enunciados são processos expressos pelas nominalizações “independência” e “escravidão”.

Observemos a informação encapsulada (ou “empacotada”) nesses exemplos de nominalização:

Como podemos observar, para explicar “a independência” foi preciso introduzir uma explicação sobre quem se tornou independente (processo/acontecimento) de quem e situar essa nova informação para enunciar outro acontecimento – que mesmo nesse novo estado a vida não mudou para a maioria da população.

Do mesmo modo que no caso anterior, para explicar o último enunciado foi preciso introduzir uma série de informações omitidas ou encapsuladas na palavra “escravidão” e explicitar quem fazia o que a quem e sob quais circunstâncias. Assim, para explicar a “escravidão” foi necessário recorrer às palavras: “os portugueses”, “escravizar”, “comercializar”, “explorar”, “africanos”, entre outras. Isto é, foi necessário explicitar os atores humanos responsáveis pelos acontecimentos relatados e sobre quem recaíam suas ações.

Como as nominalizações compactam informações que se supõem conhecidas pelo leitor, estudiosos do fenômeno advertem que leitores inexperientes [1] necessitam de ajuda para compreender claramente seus significados.

 

Referências bibliográficas

[1] Moss, G., Chamorro, D., Barletta, N., & Mizuno, J. (2013). La metáfora gramatical en los textos escolares de Ciencias Sociales en español. Onomázein Revista de Lingüística, Filología y Traducción, 28, 88-104. http://doi.org/10.7764/onomazein.28.3
[2] Moss, G. (2000). The language of school textbooks and the ideology of science. Zona Próxima, 1, 44-55.
[3] Moss, G. & Chamorro, D. (2009). La enseñanza de la ciencia sin asidero en el tiempo ni en el espacio: análisis del discurso de los textos escolares. Lenguaje, 36(19), 87-115.
[4] Schleppegrell, M. (2004). The language of schooling. A functional linguistics perspective. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum.