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Principais formas de organização dos textos de História

A organização de textos está relacionada ao uso que é feito da linguagem para atingir objetivos comunicativos: descrever, definir, relatar, explicar, comparar, argumentar, justificar, etc.

Nos textos de História para crianças, os principais objetivos são os de relatar e explicar acontecimentos do passado de forma sucinta e resumida.

No entanto, para atender determinados propósitos, a articulação entre duas ou mais formas de organização textual se faz necessária, por exemplo: para definir, comparamos; para narrar, descrevemos; para explicar, narramos; etc. De qualquer forma, há sempre uma organização textual predominante que nos permite identificar se um texto é narrativo, explicativo, descritivo, argumentativo, etc.

A seguir, analisamos três textos que exemplificam como a linguagem pode ser organizada de maneiras diversas para relatar eventos do passado. Para isso, nós os comparamos contrastando a linguagem utilizada para expressar o tempo, os participantes, os acontecimentos e a causalidade.

Resumo das principais características do texto “Portugueses e indígenas: os primeiros contatos”:

O texto “Portugueses e indígenas: os primeiros contatos” é um exemplo de relato descritivo, pois as sequências predominantes são usadas para descrever e definir os participantes. Os acontecimentos relatados não se relacionam temporal e nem de forma causal.

Resumo das principais características do texto “Do Estado Novo ao governo de Juscelino Kubitschek”:

O texto “Do Estado Novo ao governo de Juscelino Kubitschek” é um relato histórico, onde predomina uma sequência cronológica de eventos. Nesse tipo de texto a sequência temporal é o principal organizador.

Resumo das principais características do texto “O trabalho nas minas”:

O texto “O trabalho nas minas” é um exemplo de explicação histórica, as sequências que predominam são as causais, ou seja, os vínculos causais são os principais elementos que relacionam os acontecimentos relatados. 

Para entender o modo em que cada um desses textos organiza a linguagem para descrever, relatar e explicar acontecimentos do passado, vamos compará-los a partir das dimensões analisadas:

No que diz respeito ao tempo, há importantes diferenças entre os textos. Ainda que o primeiro possa ser identificado temporalmente pela referência a um período específico (os primeiros contatos entre portugueses e indígenas), não há nele outras referências explícitas e nem são estabelecidas relações temporais entre os acontecimentos apresentados. As relações causais também não fazem parte das informações apresentadas. O que predomina no primeiro texto é a descrição dos participantes: os povos indígenas tupis.

No terceiro, há referências que localizam temporalmente os acontecimentos, embora não sejam abundantes e nem determinem as relações entre os acontecimentos.

Em compensação, no segundo texto o tempo é o grande organizador da sequência de informações. Nele, é possível observar a presença de datas que marcam a cronologia dos eventos.

A causalidade é o organizador principal das informações expostas no terceiro texto. Observamos diversos conectores e expressões para estabelecer relações de causa e finalidade.

O mesmo não acontece no primeiro e nem no segundo texto. Em menor proporção, identificamos expressões de finalidade que justificam características dos participantes ou acontecimentos (primeiro texto) e referência às consequências dos acontecimentos relatados (terceiro texto).

Os três textos também se diferenciam no que diz respeito ao tipo de participantes: somente no segundo texto identificamos participantes que são indivíduos, nos demais (primeiro e terceiro) predominam os coletivos humanos como agentes das ações.

O segundo e o terceiro texto também se diferenciam do primeiro pela variedade de tipos de participantes que incluem referência a objetos concretos (“o petróleo”, “a constituição”), a abstrações (“o Estado Novo”, “o governo de Vargas”) e a diversidade de nominalizações (“a criação”, “a inflação”, “a mineração”).

Enquanto o primeiro texto usa predominantemente verbos de descrição e definição para oferecer informação contextual, no segundo e no terceiro há maior variedade verbal, com predomínio de uso dos verbos de ação, próprios dos relatos de eventos.

Enfim, cada um dos textos representa um modo em que se pode organizar a linguagem para descrever, relatar e explicar acontecimentos passados.