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O papel do discurso educativo

Um dos maiores desafios dos professores é o de promover diálogos produtivos na sala de aula, aqueles que ajudam a todos a aprender com profundidade. Sabemos que o discurso educativo favorece a compreensão dos objetos de conhecimento e dos recursos simbólicos usados para representá-los, especialmente quando conta com a participação ativa dos estudantes.

No entanto, o desenvolvimento de conversas acadêmicas exige habilidades e atitudes colaborativas específicas que precisam ser introduzidas e ensinadas desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. 

O comentário e o estudo coletivo de textos sobre diferentes conteúdos disciplinares requerem que os alunos desenvolvam conhecimentos letrados especiais. Eles precisam aprender a:

  • referir-se a trechos textuais;
  • citá-los para apoiar suas afirmações ou argumentos em uma discussão;
  • nomear as partes dos textos para localizar as informações citadas;
  • oferecer evidências textuais precisas, etc.

Esses conhecimentos podem resultar da prática frequente de conversas acadêmicas que têm por fonte textos escritos sobre os quais se formulam perguntas, realizam descrições e comentários em sala de aula. Desse modo, a linguagem utilizada se distancia da ação e experiência imediata para a significação e interpretação do texto.

A linguagem em torno dos textos escritos estimula atos verbais e mentais elaborados [1]. Por exemplo, os objetos são denominados por sua forma usual (“mosquito”), mas também com hiperônimos (“inseto”) e termos categoriais (“animal”). No discurso, formulam-se perguntas sobre o conteúdo do texto e, também, sobre a interpretação que os leitores (professor e alunos) fazem dele (“Eu pensava que...”; “Do que vocês se lembram?”; “Ana entendeu que...”).

Tudo isso supõe o uso de um conjunto de conceitos, como: pensar, acreditar, saber, explicar, compreender, sugerir, definir, etc. Tais conceitos são considerados letrados, ou seja, necessários para comentar e analisar o escrito e os processos de compreensão (“Acredito que o autor do texto quis explicar que...”; “O livro me fez pensar sobre...”; “O texto explica que...”; etc.).

Por isso, as propostas para Aprender a Estudar Textos buscam enriquecer os intercâmbios orais de forma que os alunos possam desenvolver um discurso reflexivo e analítico próprio da compreensão dos textos e da aprendizagem escolar. Além disso, colocam em destaque modos de falar sobre o conteúdo (isto é, o tema de estudo) e sobre as atividades realizadas para aprender (como se apresenta, explica e orienta o trabalho em sala de aula), dando atenção especial às intervenções em que o professor repete, comenta, retoma e analisa as participações dos alunos.

Referências bibliográficas

[1] Watson, R. (1996). Talk about text: Literate discourse and metaliterate knowledge. In K. Reeder, J. Shapiro, R. Watson & H. Goelman (Eds.). Literate apprenticeships: The emergence of language and literacy in the preschool years (pp. 81-100). Norwood, NJ: Ablex.