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Realizar uma leitura expressiva do texto

A leitura em voz alta que propomos é aquela feita pelo professor com a participação dos alunos, pois somos nós quem conhecemos o texto e, portanto, seremos para eles o modelo de leitor.

Durante o planejamento da aula, identificamos a organização do texto e as informações que precisam ser compreendidas em benefício do processo de aprendizagem dos conteúdos da disciplina. Somente um leitor que conhece o texto (e o contexto) pode fazer uma leitura que facilite a compreensão. Quando somos nós que lemos, podemos apoiar intencionalmente o processo de compreensão das crianças.

Como conhecemos o texto (e temos presente os objetivos que almejamos), conseguimos enriquecer a leitura com gestos faciais e corporais apropriados, também modificando o volume e o tom de voz para ajudar a manter e guiar a atenção dos aprendizes, dando-lhes a oportunidade de pensar mais e melhor sobre aquilo que está sendo explicado no texto. O uso intencional da voz, dos gestos faciais e corporais estimula a percepção de maior número de detalhes e o acompanhamento do fluxo da informação e das relações expressas. 

Observemos um fragmento da leitura de um texto da disciplina de História feita em voz alta por uma professora de 4º ano do Ensino Fundamental. As barras e a mudança de linha indicam pausas, os negritos assinalam ênfase na entonação e os espaços entre caracteres mostram uma pronúncia marcada, pausada e destacada. Entre parênteses, ressaltamos alguns dos gestos realizados pela professora.

Como os tupis viviam
Os povos indígenas || com quem os portugueses inicialmente tiveram mais contato
foram os tupis,
que ocupavam principalmente o litoral,
desde o sul do atual estado de São Paulo até o Ceará.
(gesto da mão indicando a direção)
Os diversos grupos tupis falavam línguas parecidas,
mas cada um || tinha seus costumes,| mitos | e lendas.
Os tupis viviam em aldeias circulares.
Suas casas eram construídas com palhas e troncos de árvores,
cobertas com folhas de palmeira,
e não apresentavam divisões internas.
Eram chamadas de malocas.
Para sobreviver,
os tupis pescavam,
caçavam
e plantavam mandioca, milho, batata-doce, feijão, abóbora, pimentas, entre outros alimentos.
(ênfase na enumeração com o ritmo e gestos)
Eles eram || hábeis na navegação
suas canoas eram resistentes, 
utilizadas para pescar
e explorar novas regiões.

 

No exemplo, as pausas destacam sobre quem se está falando (os povos indígenas, os portugueses); os negritos, a informação nova (os tupis, falavam línguas parecidas, viviam em aldeias circulares) e também palavras que orientam o estabelecimento de relações entre as informações apresentadas no texto (mas, desde, até, para).

Além de orientar a compreensão mediante a leitura expressiva, podemos convidar os aprendizes a reconhecer o tema de cada parágrafo e a recuperar (parafraseando) os comentários dedicados ao tema. Observemos um exemplo: 

Como os tupis viviam
Os povos indígenas com quem os portugueses inicialmente tiveram mais contato foram os tupis,
que ocupavam principalmente o litoral,
desde o sul do atual estado de São Paulo até o Ceará.
  • Sobre quem nos falam nesse primeiro parágrafo? Sobre os povos indígenas.
  • O que nos explicam dos povos indígenas? Foram os tupis..., moravam no litoral.
  • Certo, o texto nos conta qual foi o povo indígena com o qual os portugueses primeiro se contactaram no Brasil e em que parte do território brasileiro estavam localizados.
Os diversos grupos tupis falavam línguas parecidas,
mas cada um tinha seus costumes, mitos e lendas.
Os tupis viviam em aldeias circulares.
Suas casas eram construídas com palhas e troncos de árvores, 
cobertas com folhas de palmeira,
e não apresentavam divisões internas. 
Eram chamadas de malocas.
  • O que mais nos explicam sobre os tupis?
  • Isso mesmo! Como eram suas casas.
Para sobreviver,
os tupis pescavam,
caçavam
e plantavam mandioca, milho, batata-doce, feijão, abóbora, pimentas, entre outros alimentos. Eles eram hábeis na navegação:
suas canoas eram resistentes,
utilizadas para pescar
e explorar novas regiões.
  • O texto ainda fala sobre o mesmo tema? Ou mudou de assunto?
  • Agora, o que mais sabemos dos tupis? O que faziam? Quais eram suas atividades?

Desde as primeiras leituras em voz alta podemos aproveitar para focalizar a atenção dos aprendizes na identificação dos participantes (sobre quem ou sobre o que é o texto), processos (o que se explica dos participantes) e circunstâncias (por que, quando, onde, como, para que, etc.) representadas no texto.

 

Referências bibliográficas

[1]  McNeill, D. (1992). Hand and mind: What gestures reveal about thought. Chicago, IL: University of Chicago Press.
[2]  Sánchez, E. (1993). Los textos expositivos. Estrategias para mejorar su comprensión. Madrid: Santillana.